⏩Porque todo dia é dia de UBUNTU 🌵Do Cariri Oeste cearense para o Mundo

05/11/2025

A experiência conduzida pelas vivências: desafios e aprendizados | BAÚ DE MEMÓRIAS

Jornalista Lucélia Muniz

Ubuntu Notícias, 05 de novembro de 2025

@luceliamuniz_09     @ubuntunoticias

Todas as minhas histórias, principalmente as da infância, contam com duas protagonistas: eu (Lucélia) e a minha irmã mais nova, Geneana. Vivemos momentos felizes, passamos por muitos obstáculos, mas caminhamos lado a lado durante boa parte da nossa vida.

Quando crianças, filhas de uma professora e de um agricultor, trabalhávamos na roça pela manhã para atender as expectativas de papai e a tarde estudávamos dado o incentivo e a motivação passados por mamãe. Como trabalhávamos na roça, as tarefas domésticas eram relegadas a outra irmã e assim pouco sabíamos de como cuidar de uma casa, como cozinhar, por exemplo. Somos apegadas a natureza e aos animais e isso é fruto das nossas vivências lá da infância.

Quando a nossa mãe foi diagnosticada com câncer de mama, tínhamos 13 anos (eu) e a minha irmã Geneana, 12 anos de idade. Tínhamos dois irmãos que faziam faculdade e trabalhavam, dois já estavam casados, um morava fora e mamãe cuidava da casa.

Com o diagnóstico da doença de mamãe e sua rotina nos hospitais, eu e a minha irmã Geneana tivemos que deixar o trabalho na roça para cuidar das atribuições de uma casa. E não foi nada fácil. Um trabalho árduo e que não tínhamos a mínima noção de como fazê-lo.

Fritar um ovo chegava a ser uma chuva de gordura quente nas mãos, porque não sabíamos que precisava colocar a frigideira em fogo baixo para a gordura não ficar tão quente. O arroz da roça, descascado na máquina de pilar, virava uma espécie de mingau, porque colocávamos muita água e cozinhava demais.

Papai era um homem rude, mas ele até tentou nos ensinar a fritar um ovo. Para ele a comida tinha que ser bem preparada, bem servida e ele tinha até um local específico para sentar-se à mesa. Pois bem, num certo dia ele nos pediu para preparar uma galinha caipira.

Esse dia ficou marcado. Primeiro ficamos com pena de matar a galinha. Sangrar estava fora de cogitação, então pensamos em puxar o pescoço. Minha irmã Geneana disse que não conseguia, mas como íamos dizer a papai? Então, olhei de lado e puxei o pescoço da galinha. A mergulhamos numa panela de água quente e fomos retirar as penas e não é que ficaram “os tais dos canhões”.

E como partir a galinha para colocar os pedaços para cozinhar? Peguei uma faca e abri pelo peito a deixando estraçalhada. Acredito que até o fel foi junto com os pedaços para cozinhar. Não vou falar dos temperos, porque foi mais um desastre a parte. Quando tiramos a panela do fogo, os pedaços da galinha “nadavam no caldo”.

Papai chegou, sentou-se à mesa como de costume e nós fomos servir o almoço. Era um dia de sábado. Sobre a galinha? Estava horrível e mal preparada. Esperamos uma bronca, deu para tremer de medo, mas o inesperado aconteceu. Papai ficou em silêncio e se alimentou da galinha e não reclamou. Nós éramos crianças com um desafio – cozinhar, cuidar da casa. Se fosse para cuidar da roça, nossa vivência diária, possivelmente nos saíssemos melhor.

Moral da história

Ensine antes de cobrar! Não reclame demasiadamente para quem está fazendo algo pela primeira vez! Alguém precisa dá a primeira oportunidade para as pessoas ganharem experiência!

0 comments:

Postar um comentário

Deixe seu comentário mais seu nome completo e localidade! Sua interação é muito importante!