20/02/2023

Porque café tem sabor de afeto! | BAÚ DE MEMÓRIAS

Lucélia Muniz

Ubuntu Notícias, 20 de fevereiro de 2023

@luceliamuniz_09     @ubuntunoticias

Hoje eu acordei tomada de uma certa nostalgia, e estou denominando este momento de “Baú de Memórias”. Costumo sempre fazer uma reflexão a cerca da minha identidade e da minha origem. Gosto de valorizar meus antepassados, minha família e o lugar onde nasci... uma pessoa sem história e sem identidade, não tem como determinar seu lugar no mundo, sua cultura.

Vou pensar no baú como um local de minhas memórias onde vou estar compartilhando com vocês algumas histórias que guardo com muito carinho em meu coração e fazem parte destas memórias relacionadas a minha identidade e cultura. E quem não tem seu baú de memórias? Com certeza alguns de vocês irão se identificar com algumas dessas histórias que passarei a compartilhar aqui no Ubuntu Notícias!

Quero começar compartilhando com vocês sobre a minha avó materna, a Senhora Ana Rosa de Lima, mais conhecida como Dona Santa. Para a maioria dos netos era chamada de Mãe Pretinha, porque usava um vestindo longo com mangas longas todo na cor preta. Perdeu o marido muito jovem e em respeito a este colocou luto, vestindo-se de preto, até seu último dia de vida. Para mim, Lucélia, e para a minha irmã mais nova, Geneana, era a nossa Vovó!

Lembro da primeira vez que a observei preparar um café. Comprava os grãos, os levava para torrar na panela de barro no fogão a lenha. Depois os colocava no moinho, triturando os grãos torrados até virar o pó do café. O cheiro era exalado pela cozinha de tal forma que até hoje quando o sinto por ocasião de alguém estar fazendo um café, sei se os grãos são torrados em casa ou processados industrialmente. 

Certo dia, Vovó, encheu uma xícara grande de café e o adoçou bem... chamou eu e a minha irmã e com uma colher ia colocando o café em nossa boca. Sentada em sua cama coberta por uma colcha de retalhos coloridos, repetia o gesto até que tomássemos todo o café da xícara. Era delicioso, um hábito que se perdeu em nosso lar, porque nossos pais não tomavam café. O café era feito e servido apenas para as visitas!

Quando nossos pais faleceram e nós fomos morar sozinhos, começamos a aderir o hábito de fazer o café pela manhã. Sobre afeto e café, a relação parte do gesto da nossa Vovó. Do cuidado que tinha conosco! Da forma como nos amava e de que um simples gesto se transformava em momento de afeto! Por isso essa memória ficou registrada no meu baú! 

Sobre o café, ainda hoje, quando tomo uma xícara é para “recarregar as baterias” ou para ter uma boa conversa com amigos, regadas ao bom café! Talvez inconscientemente, o café, entrou na minha vida para revigorar e acalentar as relações, porque café tem sabor de afeto!  

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