18/08/2014

Classificação das substâncias psicoativas e seus efeitos


O que são drogas?
Drogas são substâncias psicoativas utilizadas para produzir alterações nas sensações, no grau de consciência ou no estado emocional.

Geralmente, achamos que existem apenas algumas poucas substâncias extremamente perigosas: são essas que chamamos de drogas. Consideramos, também, que drogas são apenas produtos ilegais como a maconha, a cocaína e o crack; porém, do ponto de vista da saúde, muitas substâncias legalizadas podem ser igualmente perigosas, como o álcool, que também é considerado uma droga como as demais.

As drogas atuam no cérebro afetando a atividade mental, sendo, por essa razão, denominadas psicoativas. Basicamente, elas são de três tipos, os quais particularizamos a seguir:
- Drogas que diminuem a atividade mental, também chamadas de depressoras. Afetam o cérebro, fazendo com que ele funcione de forma mais lenta. Essas drogas diminuem a atenção, a concentração, a tensão emocional e a capacidade intelectual. Exemplos: ansiolíticos (tranquilizantes), álcool, inalantes (cola), narcóticos (morfina, heroína).
- Drogas que aumentam a atividade mental são chamadas de estimulantes. Afetam o cérebro, fazendo com que ele funcione de forma mais acelerada. Exemplos: cafeína, tabaco, anfetaminas, cocaína e crack. As anfetaminas, assim como os outros estimulantes, costumam ser utilizadas para se obter um estado de euforia, para se manter acordado por longos períodos de tempo ou para diminuir o apetite. Podem ser utilizadas, ainda, como medicação para algumas doenças (déficit de atenção e outras doenças neurológicas).
- Drogas que alteram a percepção são chamadas de substâncias alucinógenas (ou psicodislépticas), provocando alterações no funcionamento do cérebro. Exemplos: LSD, ecstasy, maconha e outras
substâncias derivadas de plantas ou cogumelos (ayahuasca, ibogaína, sálvia, mescalina, psilocibina, por exemplo).

O efeito de uma droga é o mesmo para qualquer pessoa?
Não, os efeitos de uma droga dependem basicamente de três fatores:
- da droga;
- do usuário;
- do meio ambiente.

Por exemplo, uma pessoa ansiosa (usuário) que consome grande quantidade de maconha (droga) em um lugar público (meio ambiente) terá grande chance de se sentir perseguida (“paranoia”).

Outro fator que influencia de forma considerável os riscos e prejuízos relacionados ao consumo de drogas é a pureza do que está sendo consumido. Nesse sentido, dentro do contexto proibicionista, as substâncias ilícitas são adulteradas pela adição de vários produtos que frequentemente oferecem muito mais riscos à saúde do que a droga em si. No caso da cocaína, geralmente o produto oferecido aos usuários contém pó de giz, cimento, cal, querosene (como no caso do “oxi”, dentre outros. Na época da Lei Seca Americana em que o álcool era proibido, estima-se que milhares de usuários de álcool tenham ficado cegos por consumir álcool adulterado (álcool metílico usado como produto de limpeza, por exemplo).
As drogas naturais são menos perigosas do que as drogas químicas?
Contrariamente ao que se fala, um produto de origem natural nem sempre oferece menos risco do que um produto sintético. Substâncias obtidas a partir de plantas, como a cocaína, podem ser tão ou até mesmo mais perigosas do que as drogas produzidas em laboratórios, como o LSD.

Efeitos do uso das principais substâncias psicoativas e quadros clínicos mais frequentemente relacionados ao uso de algumas drogas

Álcool
Efeitos: euforia e relaxamento, acompanhados de desinibição. Com o aumento da dose, aparecem dificuldades ao executar tarefas e diminuição dos reflexos, dificuldade de manutenção do equilíbrio e incoordenação motora, seguidos de sonolência.
Intoxicação: A intoxicação aguda pelo álcool pode acompanhar-se de transtornos graves dos sentidos, consciência reduzida dos estímulos externos, alterações intensas da coordenação, fala incoerente, diplopia (visão dupla), acompanhados de náuseas e vômitos. Um estado de sedação pode evoluir para perda de consciência, coma e morte.

Canabinoides (maconha, haxixe, “skank”)
Efeitos: excitação seguida de relaxamento; euforia; distorções na avaliação de tempo e espaço, logorreia (falar exageradamente), hiperfagia (aumento da fome), alucinações, sobretudo visuais, palidez, taquicardia, hiperemia conjuntival (olhos avermelhados), midríase (pupilas dilatadas), boca seca.
Intoxicação: podem causar desorientação (altera-se a noção de tempo), crises de pânico, leve grau de desconfiança ou ideias paranoides, com alguma perda da capacidade de avaliação de situações (juízo crítico). O uso de doses altas pode desencadear alucinações, habitualmente visuais. Também pode estar acompanhada de alterações como tremores finos, discreta queda da temperatura corporal, redução na força e no equilíbrio, baixo nível de coordenação motora, boca seca e conjuntivas hiperemiadas (olhos avermelhados).

Cocaína (cocaína, “pó”, “brilho”, crack, pasta-base)
Efeitos: excitação, euforia, diminuição do cansaço, irritabilidade, insônia, perda do apetite, hipervigilância, logorreia (falar exageradamente), agitação psicomotora, exacerbação simpatomimética (coração acelerado, febre, pupilas dilatadas, suor, hipertensão arterial).
Intoxicação: pode ocasionar crise de pânico, crise hipertensiva, convulsões, hipertermia (febre) e choque cardiovascular. Os usuários crônicos podem tolerar doses muito mais altas do que sujeitos pouco habituados ao consumo, de forma que a dose letal é variável e imprevisível. As causas de morte nas intoxicações estão mais frequentemente associadas a quadros vasculares do Sistema Nervoso Central (acidente vascular encefálico) e a eventos cardiovasculares (arritmias, isquemias e infarto).

Existe uma grande variedade de substâncias psicoativas (drogas) utilizadas. Em linhas gerais, elas poderiam ser divididas em três grandes grupos: depressoras, estimulantes e perturbadoras, segundo sua ação no cérebro. Essa classificação tem, no entanto, limitações, uma vez que o efeito final de uma droga depende não somente de suas características farmacológicas, mas também de quem é o usuário e do contexto em que se dá esse uso.

FONTE:
Curso Prevenção dos Problemas Relacionados ao Uso de Drogas: Capacitação para Conselheiros e Lideranças Comunitárias - 6ª edição, promovido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça (SENAD-MJ) e executado pelo Núcleo Multiprojetos de Tecnologia Educacional da Universidade Federal de Santa Catarina (NUTE-UFSC).

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