Porque Papai Noel existe! Onde realmente habita o espírito natalino?

Lucélia Muniz

Ubuntu Notícias, 24 de dezembro de 2022

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Esta semana estava pensando em algo para compartilhar com vocês sobre o Natal e suas diversas formas de manifestação! Infelizmente o capitalismo faz destas e de muitas outras datas uma forma comercial que culmina com a troca de presentes. Então, o bom velhinho de cabelos grisalhos e barba longa vestido de vermelho acaba sendo sinônimo de presente.

Vendo pelo viés religioso, pensar no Natal, é pensar em vida manifestada pela passagem bíblica do nascimento do menino Jesus. E é notório que nesta época costumamos também enviar e receber mensagens de esperança, paz e afeto. Até aqui tudo certo!

A ideia do Papai Noel vestido de vermelho no trenó puxado por renas com certeza permeia o imaginário de muitas crianças que acreditam terem presentes no Natal porque receberam deste. Quando criança, não foi diferente comigo, e eu realmente acreditava que o Papai Noel nos deixava presentes.

Em nossa casa no sítio, quando éramos crianças, dormíamos as 04 irmãs dividindo o mesmo quarto. As duas mais velhas tinham cama e eu e minha irmã mais nova, Geneana, dormíamos em redes. Destaco aqui a minha irmã Geneana, porque nossa diferença de idade é de cerca de dois anos. Nossa mãe nos vestia com as mesmas peças de roupas e até mesmo pela semelhança física que tínhamos, algumas pessoas pensavam sermos irmãs gêmeas. Mamãe era professora, artesã, costureira e dona de casa.

Quando acordávamos na data do Natal sempre havia um presente embaixo da nossa rede, coisas como sabonete, uma peça de roupa e isso nos enchia de alegria, afinal o Papai Noel tinha passado para deixar o nosso presente.

Eu sempre via em minha irmã mais nova a missão de cuidar dela e isso incluía não a deixar se decepcionar com algumas situações. E agora volto a falar de mamãe, Dona Constância. Ela sempre trabalhava até tarde. Durante o dia dividia as tarefas como professora e dona casa. Já a noite, ela marcava seus trabalhos artesanais em ponto de cruz ou ia até a máquina de costura confeccionar algumas roupas para a família.

Certa vez, véspera de Natal, vi que como de rotina, mamãe estava a máquina de costura trabalhando até tarde. Nesta noite eu demorei a pegar no sono quando a vi entrar silenciosamente em nosso quarto e deixar embaixo de nossas redes um sabonete e uma peça de roupa. Fiquei impactada de como ela tinha trabalhado até tarde e durante anos alimentava em nosso imaginário a ideia do Papai Noel, mas fiquei quieta e fingi dormir.

No outro dia tinha a difícil missão de compartilhar ou não o que tinha visto para a minha irmã Geneana. Minha irmã, para surpresa, começou a me questionar se os presentes de Natal não seriam deixados por mamãe. Aí disse para ela que não! Falei que Papai Noel existia e sempre lembrava de nós no Natal! Não quis desmitificar a ideia que ela tinha e quebrar o encanto!

Moral da história! O nosso Papai Noel sempre existiu através das ações de afeto de nossa mãe. O encanto do Natal não se quebrou em nosso coração! Para mim a importância deste momento nunca esteve no valor financeiro dos presentes que ela deixava, mas em saber do cuidado e das horas de trabalho que dedicava para manter aceso o espírito natalino e nos deixar felizes. Aos 43 anos informo a minha irmã Geneana que Papai Noel realmente existe. Ela costuma dizer que a nossa infância foi uma aventura e temos muitas histórias para contar e temos mesmo!

Depois que mamãe morreu comecei a receber outros tipos de presentes especiais. Às vezes quando me vejo em situações difíceis, aparecem soluções, aparecem pessoas e aí penso que lá no céu ela intercede junto a Deus e aí acontece pequenos e grande milagres e fico cheia de gratidão.

Não se engane, porque deve ter algum Papai Noel em sua vida se esforçando muito para te proporcionar felicidade e te ver feliz! Da vida devemos tentar extrair as melhores vivências e lições! Espero que tenham gostado da minha história de Natal!