Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 23 de março de 2020
Padre Vileci Vidal – Brasil*
*Em terras equatorianas - 19 de março de 2020
Hoje é dia de São José, que fugiu para o Egito com Maria e Jesus, em
defesa da vida do Menino. E, estar aqui em Guayaquil, no Equador, na quarentena
quaresmal, desterrado, me reporto a verdadeira opção pelos pobres, conceituada
pela Teologia da Libertação como uma opção pela justiça.
"Os pobres" é um termo que se refere aos oprimidos, às vítimas
de uma estrutura de mundo (ganancioso) que é injusta e que falha em
corresponder à justiça desejada por Deus, definhando em coronavírus.
Aqui há uma grande preocupação com os pobres por parte dos setores
populares, de como poderão sobreviver nestes dias de quarentena. Pois, não há
ganho pela faxina que se faz, pelo pouco que se ganha na economia informal. E
isso significa que poderá faltar dinheiro para se comprar comida.
Há uma implicância, neste sentido, de que só poderá haver verdadeira
libertação se os próprios pobres clamarem livremente, e se expressarem direta e
criativamente na sociedade onde estão.
Que atitude poderão tomar, então? Fugir para o Egito? Impossível!
Se prever saque na cidade de Guayaquil. Essa é uma atitude possível que
possa libertar os pobres de tal aflição e que é criativa na luta pela sua
humanidade. Em contra partida há outra ação mais libertadora, os movimentos
sociais estão apelando para as autoridades equatorianas, ajuda básica para os
bairros pobres e movimentando a sociedade a fazer campanhas de alimentos em
parceria com as Igrejas. Pois ainda se acredita que o serviço cuidadoso e
amoroso aos pobres é a fonte e cerne do Evangelho de Jesus Cristo, que diz:
"felizes os pobres" (Mt 5; Lc 6,20).
Sendo assim, Deus tem se revelado no campo da justiça, assumindo
completamente a causa dos que são injustiçados; e que não há verdadeira
experiência de Deus se ao mesmo tempo não houver justiça aos seres humanos,
principalmente àqueles que são oprimidos ou proibidos de viver plena e
profundamente.
Esse é um momento de solidariedade universal, por isso estou aqui em
Guayaquil a pensar nos pobres. Que ninguém solte a mão de ninguém, porque
enquanto a injustiça e a idolatria andam de mãos dadas, pela mesma lógica
também fé e justiça vão de mãos dadas.
Os pobres sabem que conseguirão sobreviver se confiarem e colaborarem
uns com os outros, se se ajudarem em qualquer momento, em qualquer situação.
Eles ouvem o Evangelho, através do modelo cristão de Comunidades Eclesiais de
Base, como Boa-Nova, e não como algo ameaçador e julgador.
Que possamos recorrer a São José em nossa tribulação e solicitarmos dele
o vosso patrocínio. São José rogai a Deus por nós!
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