Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 20 de julho de 2019
Via Secretaria da Cultura do Estado do Ceará
Imagine 12 mil metros quadrados de área dedicados à ricas experiências
literárias. Este pequeno grande mundo dos livros e da leitura poderá ser
descoberto, de forma gratuita, por gentes de todas as idades durante a XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará
que reunirá, de 16 a 25 de agosto,
cerca de 153 expositores no Centro de
Eventos do Ceará.
A mostra, que traz neste ano novidades em sua estrutura, ofertando
espaços temáticos, conta com ambientes destinados a diversas atrações
literárias e artísticas, englobando palestras, mesas redondas, conferências,
oficinas, contações de histórias, lançamentos de livros e outros eventos
literários, além de apresentações com artistas de reconhecimento local,
nacional e internacional, combinando uma programação diversa.
A Bienal do Livro é realizada pelo Governo do Estado do Ceará, por meio
da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com o Instituto Dragão do Mar e
com apoio do Ministério da Cidadania.
Com o tema “As cidades e os
livros”, a Bienal chega a sua 13ª edição sendo reconhecida como um ambiente
para a fruição artística, além de importante espaço de construção das políticas
do livro, leitura, literatura e bibliotecas, criando momentos para ouvir a
opinião da sociedade e das entidades envolvidas.
A estimativa é de que o espaço receba um público superior a 400 mil
pessoas, durante os dez dias de feira. “Um evento com 13 anos de realização
está consolidado, com propostas de espaços que foram abraçadas pelo público e
que dão certo, são parte do que é pensar a política de livro, leitura,
literatura e biblioteca. Para além disso, teremos novidades como a programação
focada no livro técnico e acadêmico pela primeira vez”, comenta Goreth
Albuquerque, coordenadora da Bienal.
Segundo ela, a proposta do eixo é pensar o livro em sua
transversalidade, construindo conhecimento e organizando pensamento. Este
espaço trará obras revolucionárias em suas áreas como Pedagogia do Oprimido, de
Paulo Freire, que completa 50 anos em 2019; Preconceito linguístico, que Marcos
Bagno escreveu há 20 anos sobre a dimensão da cultura para o campo da língua;
Maus, no universo dos quadrinhos, completando 46 anos, e o livro Interpretação
dos sonhos, escrito por Freud há 120 anos. “São algumas obras eternas que
rendem discussões atuais e que serão pauta na próxima Bienal”, diz Goreth
Albuquerque.
Outro destaque é o Salão de Ilustradores que, em sua quarta edição,
homenageia o cearense Geraldo Jesuíno e traz a ilustração como uma pauta
importante no mundo do livro em um momento em que as narrativas ilustradas, não
só para crianças, ganham visibilidade. “Vamos reunir no Salão os profissionais
que olham para este ofício, falar como se percorre o caminho para se tornar um
ilustrador, ser espaço de descoberta para quem tem vontade de se tornar um
ilustrador e quer entender como se atua neste campo, abrindo também a discussão
para as mulheres neste universo que é bem masculino, numa mesa falando sobre
mulheres na ilustração e das questões de gênero na ilustração feminina”, afirma
a coordenadora da Bienal.
Segundo Robério Paulo, da RPS, empresa ganhadora do edital para
realização da Feira de Livros durante a Bienal e apoiador do evento, neste ano,
a Bienal do livro chega de uma forma muito mais contundente, com diversas
novidades em sua programação e uma grande ocupação de espaços, os quais foram
totalmente preenchidos ainda no início do ano, tendo um aumento superior a 50%
em comparação à edição de 2017. “Isso mostra que ainda temos muitas demandas no
mercado do livro.
A Bienal é um evento já programado e aguardado por esse público.
Traremos os últimos e maiores lançamentos do mercado editorial, com uma
extensão da programação cultural, que vem desde os auditórios e das salas de
aula, diretamente para dentro da feira”, afirma.
Entre as novidades nos espaços, Robério destaca o Café Literário e a
Arena Cultural, que leva o nome de Casa de Juvenal Galeno, homenageando o
centenário deste espaço cultural dedicado ao livro e à leitura em Fortaleza e
trazendo as mesmas características da fachada e da decoração da residência onde
viveu o escritor, referência para literatura e pesquisa no Ceará.
Além desses espaços, o evento também oferece áreas de descanso para o
público que estiver transitando na feira. A praça de alimentação, duas praças
de convivência, uma delas servirá como ponto de lançamento de grandes autores,
comportando também a tarde de autógrafos dos mesmos, e um restaurante, com uma
área personalizada, pensada exclusivamente no conforto do público que irá visitar
e participar do evento.
Espaços da Bienal
O Café Literário é um espaço de convivência e promoção literária,
realização de bate-papo com autores e público e lançamentos de livro. O Espaço
Natércia Campos será organizado pela Academia Cearense de Letras, para promoção
da Literatura Cearense. O Espaço Cordel reúne cordelistas, repentistas,
xilogravuristas e todas as expressões da Cultura do Cordel. O Espaço Juventude
oferece um conjunto de programação para o público jovem – de todas as idades –
atendendo o pré-adolescente e o jovem adulto, com temáticas específicas. Neste
espaço, oferta-se também atividades dedicadas as diferentes vertentes juvenis,
com programações durante todo o dia. O Espaço Leitura e Infância oferece ampla
programação para crianças. O Espaço do Professor é destinado a palestras e
lançamentos para o segmento da educação, envolvendo a literatura e o fomento à
leitura. Já o Espaço Letra de Mulher dá visibilidade à produção e ao debate
sobre a mulher no campo editorial. Por fim, o Espaço de Memória, Patrimônio e
Museus irá apresentar os Mestres e Mestras da Cultura do Estado, para
fortalecer o campo da literatura oral dentro da Bienal. A proposta de
programação traz a abertura de rodas de saberes, reunindo um vasto
repertório de nossas culturas orais: a literatura de cordel, os romances, os
contos e danças populares, as narrativas afro-brasileiras, indígenas, os cantos
de trabalho, as brincadeiras das crianças, as expressões linguísticas, as
liturgias sincréticas que se manifestam em uma infinidade de palavras contadas,
brincadas, cantadas, dançadas, dramatizadas e que ainda fazem parte da vida de
muitas comunidades brasileiras, conforme afirma a escritora e pesquisadora
Regina Machado, assessora deste eixo para a Bienal 2019.
Mais da programação
– Livro Técnico: Espaço destinado à
divulgação e ao debate de títulos e autores voltados para áreas específicas do
conhecimento, tais como arte, engenharia, direito, administração, psicologia,
agronomia, culinária, moda, design etc, trazendo como destaque da programação o
tema “Livros Revolucionários”, cuja proposta é homenagear obras significativas
em suas respectivas áreas, comentadas por especialistas ou pelos próprios
autores. Dentre as obras de relevância que serão comentadas está o livro
“Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire, que completa 50 anos. A parceria com
a escola Porto Iracema das Artes fortalece as comemorações em torno do livro
com uma programação que integra o programa “Paulo Freire a bombordo: Paulo
Freire e as poéticas da existência”, que discute referências estéticas a partir
do educador. Além disso, aborda os vários temas contemporâneos, colocando
em cena as lutas e as reflexões em torno das questões identitárias: mulher,
negritude, gênero, juventude, linguagem, educação, medo e tudo que
transversaliza o ser humano e os seus espaços.
– Espaço Ponto de Leitura: Espaço
reservado à leitura pública dos livros homenageados na Bienal; o internacional
“Terra Sonâmbula”, de Mia Couto, o nacional “Lavoura Arcaica”, de Raduan Nassar
e o cearense “A casa”, de Natércia Campos. O microfone será franqueado a
qualquer visitante que deseje ler trechos de uma das obras.
– Encontro do Mercado Editorial:
Representantes do mercado editorial, livreiros e autores debaterão sobre a
atual situação do livro, no país, considerando a produção do livro, a
distribuição, a comercialização, e o papel das políticas públicas para o
mercado editorial.
– Clubes de Leitura (saraus): Um dos
mais recentes e interessantes fenômenos no universo literário tem sido a
proliferação dos clubes de leitura. Descobrir e redescobrir livros, debater e
sugerir leituras, incorporar novidades e reinaugurar clássicos é o que promovem
esses grupos que já consolidaram seu papel nos mais variados recantos da cidade
‒ livrarias, bibliotecas, escolas, universidades, residências, praças ‒ e entre
todas as faixas etárias. Os clubes de leitura fortalecem o hábito do livro na
mão, aquecem o mercado e colaboram significativamente para a circulação de mais
títulos e autores.
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