Lucélia Muniz
Ubuntu Notícias, 27 de outubro de 2018
Ex-prefeito de São Paulo e ministro da Educação de Lula e Dilma é
o candidato do PT à Presidência da República. Confira no que ele se destacou e
em quais polêmicas se envolveu
Por Hyury Potter
Fernando Haddad,
um paulista de 55 anos, se filiou ao PT aos 20 anos, em 1983, ainda nos tempos
de estudante de Direito da USP, onde se graduou e depois virou e mestre e
doutor, chegando a ser professor. No entanto, a carreira política só começou
oficialmente em 2001, quando passou a integrar a equipe de Marta Suplicy (PT),
então prefeita de São Paulo. A partir daí, a ascensão dentro dos quadros do
partido foi meteórica.
Em dois anos foi para Brasília como assessor especial de Guido
Mantega no Ministério do Planejamento. Em seguida virou secretário-executivo de
Tarso Genro no Ministério da Educação. Durante o escândalo do mensalão, em
2005, Genro deixou a pasta para ser presidente do PT, e Haddad assumiu o MEC,
de onde só sairia para ser candidato à Prefeitura de São Paulo.
Foi como Ministro da Educação que Haddad foi
"apresentado" ao país pelo PT. Ele passou seis anos na pasta e teve
que enfrentar várias polêmicas. A primeira foi com a ampliação do Enem,
que passou a permitir o ingresso direto a várias universidades. Denúncias de
provas vendidas em 2009, erro de impressão em 2010, divulgação antecipada de
questões num colégio do Ceará em 2011 e ainda redações com receita de miojo
tirando nota máxima em 2012 foram algumas das polêmicas com a organização da
prova.
Outra polêmica que Haddad teve que enfrentar à frente do MEC, e
que rende discussão até hoje, envolve o "kit
anti-homofobia" produzido em 2011 por meio de um convênio firmado
pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O material custou R$
1,9 milhão e incluía vídeos sobre gênero e sexualidade e boletins
informativos, mas não chegou a ser distribuídos nas escolas. O kit, batizado pela ala
conservadora do Congresso de "kit gay", foi cancelado pela
então presidente Dilma Rousseff após diversas críticas, mas os vídeos vazaram
na internet.
O material voltou a cena nesta eleição, quando o candidato Jair
Bolsonaro (PSL) mostrou numa entrevista ao Jornal Nacional o
livro Aparelho
Sexual e Cia. e disse que a obra faria parte do "kit
gay" que seria distribuído nas escolas.
No entanto, o MEC emitiu nota informando que nunca produziu ou
distribuiu a obra, que também não fazia parte do projeto do kit anti-homofobia.
Mesmo assim, Bolsonaro continuou divulgando isso em vídeos no Facebook e no
YouTube. No dia 16 de outubro, o TSE determinou que a campanha do
candidato do PSL retirasse as críticas do ar, que classificou de fake news.
Com o apoio de Lula, Haddad saiu do MEC para disputar a Prefeitura
de São Paulo em 2012. Ele venceu o tucano José Serra no segundo turno.
Cidade mais populosa do país, São Paulo sofre com a falta de planejamento
urbano e mobilidade. O petista apostou em ciclovias e na redução da
velocidade em diversas regiões da cidade, mas as medidas encontraram
resistência em grande parte dos moradores. As polêmicas e a crise de imagem do PT com a Operação Lava
Jato prejudicaram a tentativa de reeleição de Haddad em 2016, quando ele perdeu
ainda no primeiro turno para o tucano João Dória.
A derrota em São Paulo não impediu que ele fosse alçado por
Lula a vice na chapa petista em agosto deste ano. No entanto, com o
ex-presidente preso e condenado em segunda instância, portanto enquadrado na
Lei da Ficha Limpa, analistas davam como certo que o "plano
B" Haddad assumiria a chapa, com Manuela D'Ávila
(PCdoB) como vice.
Isso ocorreu em 11 de setembro e Haddad surfou na onda lulista
para subir rapidamente nas pesquisas e ir ao segundo turno contra Bolsonaro.
Porém, ele herdou também a grande rejeição ao PT e ao ex-presidente, além da
pecha de "poste" de Lula.
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