Já ouviu falar
em autodisciplina? O que é indisciplina para você? O que torna um aluno
indisciplinado?
Estas questões são mais amplas que supomos, e sua discussão já foi assunto de muitos teóricos e filósofos da educação, porém sua solução envolve conceitos simples de autodisciplina, ou governo de si mesmo.
Mas o que é
a autodisciplina?
Conforme o
dicionário:
1. ato ou
efeito de autodisciplinar-se.
2. capacidade
de se impor disciplina.
É a capacidade
de autogovernar-se no que refere-se as suas emoções, dominá-las visando
alcançar um objetivo maior.
Quando
pensamos em “ indisciplina na escola” logo vem à nossa mente aquela criança
inquieta, agitada, que recusa-se a fazer algo que NÓS queremos.
E quando
pensamos em “ disciplina” o que vem a nossa mente? O oposto: uma criança ou um
jovem sentado, quietinho, concentrado no que NÓS queremos que ele faça.
Nos dois
casos vemos a disciplina ou indisciplina como algo externo à pessoa, sempre
atrelado ao ambiente que a cerca. Muitas vezes acreditamos que a disciplina tem
a ver com o ambiente e por esta razão, achamos que basta organizar o meio
ambiente para que a disciplina ocorra.
Isso é um
erro! Pois enquanto os ambientes são controláveis, as pessoas que estão nele
não são. Não cabe a NÓS controlá-las, mas ensiná-las a ter autogoverno de si
mesmas.
O
Autogoverno é uma regulação interna que precisamos ter de nós mesmos e das nossas
emoções. Não podemos nos deixar ser guiados por nossas emoções pois isso
nos torna vulneráveis aos revezes das situações e circunstâncias.
Sem a
autodisciplina ficamos à deriva das circunstâncias, pois nossas emoções são
“burras”, sem medida ou limites. As emoções não medem causa e consequências
pois quem faz isso é a razão.
Para que
venhamos a desenvolver a autodisciplina devemos trabalhar o conceito de
causa/consequência, os resultados que esperamos alcançar e isso nos conduz a
outros tipos de comportamentos e sentimentos. Ficamos mais centrados e o
ambiente não tem mais força para nos tirar do eixo.
A
autodisciplina é algo que pode, e deve, ser aprendido, mas para isso a criança
ou o jovem devem ser ajudados a superar as frustrações, a controlar ímpetos
egoístas e imediatistas de ter algo a qualquer custo e a qualquer hora.
Neste
sentido, no lugar do imediatismo e descontrole emocional que acaba resvalando
na dita “ indisciplina”, deve ser almejado desenvolver e nutrir a resiliência
que devemos ter frente a vida e as situações que nos serão apresentadas no dia
a dia.
Infelizmente
as crianças e os jovens de hoje estão crescendo com graves aleijões emocionais,
deformados no seu autogoverno, pequenos na sua resiliência, pois são incapazes
de gerir a própria vida e tornarem-se pessoas completas. Aleijões emocionais
tornam-se ao longo da vida aleijões sociais.
Sofremos na
sala de aula quando recebemos crianças e jovens sem senso de autogoverno ou
autodisciplina. Geralmente as famílias acham que a criança desenvolverá isso
sozinha e a deixa à mercê do próprio ambiente que cuidará desta questão, outras
vezes a família está contribuindo para que estas situações sejam
potencializadas, pois em muitos casos a própria família é o problema e na falta
de um modelo saudável a criança ou o jovem tem como modelo uma família
disfuncional.
Boa parte
das crianças e jovens que chegam até nossas salas de aula não sabem o que é ser
resiliente ou ter o governo de si mesmas. Cabe a nós, Educadores ajudá-las em
fornecer os elementos, estratégias e recursos para que esses jovens desenvolvam
e sejam estimulados a crescer enquanto pessoas completas por meio do
conhecimento e autodisciplina de suas emoções.
A Autodisciplina na Escola:
Autodisciplina e Trabalho em Grupo
Propiciar
trabalhos em grupos é uma boa alternativa para desenvolver e estimular a
autodisciplina, já que em um grupo há regras sociais que precisam ser
respeitadas. Como é intrínseco para o ser humano a busca da aceitação do outro,
o fato de estar em um grupo possibilita que certas regras sejam internalizadas
e haja um domínio das emoções e mudanças de comportamentos.
Autodisciplina e organização da rotina de tarefas
O Professor
pode contribuir, e muito, para o desenvolvimento da autodisciplina dos alunos quando
organiza uma rotina de tarefas a serem executadas naquele dia. Isso propicia um
senso de começo, meio e fim e portanto, evita que haja stress por parte dos
alunos por não saberem o que os espera. Quando conhecemos o que está por vir
fica mais fácil praticar a autodisciplina.
Autodisciplina na transição das aulas
O caos de
toda escola ocorre, geralmente, na transição das aulas. Esses momentos seriam
facilmente equacionados se todos os alunos tivessem autodisciplina de suas
emoções, e portanto, apresentariam comportamentos diferentes dos que vemos
atualmente. Então que tal organizar este momento de transição propondo aos
alunos tarefas a serem executadas na transição? Por exemplo: sempre que ocorrer
a transição o Professor que está saindo deixa uma tarefa para a sala realizar
até a chegada do próximo Professor.
Exemplo de
Tarefa:
– organizar
as carteiras em semicírculo;
– quando
chegar a próxima transição a organização das carteiras será dois a dois;
– quando o
próximo chegar a organização das carteiras será em fileira, etc.
Ou seja,
cada Professor que sair deixa uma tarefa para a chegada do próximo. No exemplo
acima, a tarefa envolvia a arrumação de carteiras, mas você pode escolher outra
tarefa que toda a sala pode realizar em poucos minutos, evitando assim a
bagunça nos corredores e reforçando responsabilidades para todo o grupo.
Características da autodisciplina
Ter autodisciplina,
ou auxiliar nossos alunos a desenvolvê-la não é uma tarefa fácil e nem rápida.
Por isso procure desenvolver as características abaixo, pois elas irão te levar
mais perto de alcançar a autodisciplina ou o governo de si mesma:
– Aceitação:
Aceitar que você é um ser humano em construção e que portanto, precisa de
direção, ser guiado, senão a todo instante você será lançado em várias direções
que serão opostas aos objetivos que você precisa atingir. Por isso preste
atenção às coisas que estão tirando você do caminho.
– Força
de Vontade: A força de vontade é algo que retiramos de um objetivo maior
nas nossas vidas. Um projeto, um sonho, uma meta. Os motivos do porquê lutamos
ou perseguimos algo é o que nos motiva a ir em frente. Procure buscar de
onde você retirará esta motivação para perseverar.
– Esforço:
Quando caminhamos em busca de algo precisamos colocar a nossa vontade ao nosso
serviço, e esta ação nos leva a dirigir nossos esforços de maneira mais focada.
Pessoas que tem autodisciplina esforçam-se mais. Preguiça e procrastinação não
fazem parte do vocabulário.
– Diligência:
Ser aplicado, cuidadoso e estar pronto para realizar algo é uma das
características das pessoas que tem autodisciplina.
– Persistência:
Sabe quando aparece aquela vontade de desistir e jogar tudo para o alto?
Pois é neste momento que precisamos de uma carga EXTRA de vontade, EXTRA de
esforço, EXTRA de diligência.
Essa
carga extra é a persistência. Instile isso em você. Pois pessoas com
autodisciplina sempre atingem as suas metas e objetivos porque PERSISTEM. Podem
até cair, mas levantam-se e começam tudo de novo se for preciso.
Então, se
você enquanto Professor ainda não é uma pessoa autodisciplinada, que estas
orientações possam lhe ajudar a desenvolver estas características, pois só
assim você poderá ajudar também os seus alunos a terem autodisciplina.
Quem ganha
com tudo isso? VOCÊ, VOCÊ e VOCÊ.
Roseli Brito
Pedagoga - Psicopedagoga -
Neuroeducadora e Coach
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