Em face da crise
político-econômica em que se debate o país, o escritor Agassiz Almeida enviou
está mensagem à presidenta Dilma Rousseff
Presidenta, reaja a essa elite corrupta e
covarde. Olhe a história que é imortal, e não o efêmero cargo presidencial.
Ubi
est illa, aquela valente que
varou as montanhas mineiras e disse ao Brasil que a liberdade não tinha preço.
Ubi
est illa, aquela
guerrilheira que frente aos carrascos da ditadura militar não se curvou, como
milhares de companheiros presos, torturados e mortos não delataram e nem se
acovardaram.
Ubi
est illa, aquela
combatente cuja postura na prisão retratada em foto marcou a sua personalidade.
Onde...
onde... onde se encontra? Um profeta do Tibete falou: ocupa o cargo de
presidente da República do Brasil, encurralada e perdida nos fios de Ariadne,
debatendo-se entre os Eduardo Cunha e uma rede de corruptos e oportunistas que
sangra o país.
Presidenta,
fale à nação com destemor, sem medo dos panelaços vindos dos apartamentos
luxuosos de ricaços empanturrados de privilégios como os de Ponta Negra, Natal,
Praia de Belas, Porto Alegre, Cabo Branco, João Pessoa, Copacabana, Rio de
Janeiro e Morumbi, São Paulo.
Presidenta,
fale à nação e tenha coragem de assumir os seus erros que tiveram a aprovação
silenciosa da sociedade e de uma oposição oportunista.
Presidenta,
fale à nação antes que um furacão da demagogia cínica lhe abata.
Qual o
comportamento dessa oposição bufônica quando o Governo Federal adotou ações de
grandes impactos orçamentários?
Muitos
aplaudiram e outros tantos silenciaram.
Onde
estava e o que falou a burlesca oposição quando o Governo Federal, do qual
todos fazem parte direta ou indiretamente, gastou e perdeu recursos
orçamentários excessivos com congelamento de tarifas, desobrigações fiscais,
inclusive construção de estádios de futebol, isenção do IPI para veículos
automotores e isenção de impostos sobre dividendos e lucros de empresas,
totalizando um montante em torno de 300 bilhões de reais?
Diante
dessas enormes despesas como agiam os corifeus da oposição? Bajulando os EUA e
o grande capital com afrontosas agressões a estes líderes sul-americanos do
porte de Cristina Kirchner, Nicolás Maduro, Evo Morales, Rafael Correa e
Michelle Bachelet.
E como
uma das tantas peraltices os sanchos panças da oposição fizeram uma viagem à
Venezuela no propósito de se solidarizarem com o terrorista de Estado Leopoldo López.
O que resultou dessa peça quixotesca? Uma gargalhada universal.
Paremos
um pouco. Olhemos num olhar shakespeariano o burlesco drama dos bilionários
encarcerados pela Operação Lava Jato, lá em Curitiba. Que tipos sórdidos! Neles
está escancarada a cara da poderosa elite do país. Cevados nas tetas do Estado,
de governo a governo, e presos flagrados na partilha do butim, e de forma
infame, traem uns aos outros, num dedurismo cretino alcunhado com o pomposo
nome de Delação Premiada. Este cenário torpe me lembra uma passagem da Divina
Comédia de Dante Alighieri, no inferno, quando um bando de cachorros são
lançados numa jaula e se mordem entre eles, com latidos e uivos aterrorizantes.
Quando
o Golpe Militar de 64 desabou sobre a nação milhares de companheiros foram
presos, torturados e assassinados. Poucos deles se fizeram delatores. Que
contraste com os avacalhados bilionários da Operação Lava Jato.
Presidenta,
levante-se! Olhe a História! Nela ressoam os passos daqueles que lutaram e fizeram
a humanidade caminhar.
Obs.: Ubi est illa, expressão latina usada por
Cícero no Senado Romano, há mais de 2.000 anos, que significa Onde se
encontra.
Nota: Agassiz Almeida é
escritor, ativista dos direitos humanos, deputado federal constituinte de 1988,
autor das obras 500 anos do povo brasileiro, A república
das elites, A ditadura dos generais; e recentemente lançou o
livro O fenômeno humano.
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