Olhares por Karla Vidal

Chamo-me Karla Vidal. Sou comunicadora social formada pela UFPE e sócia diretora da Pipa Comunicação (www.pipacomunica.com.br) que é um estúdio de criação visual e editora especializada em edição de livros, consultoria e desenvolvimento de projetos inovadores em comunicação e design aplicados à educação. Moro em Olinda/PE.

Fotografo desde criança quando meus pais adquiriram uma Kodak Instamatic como câmera da família. Todo mundo queria aparecer na foto e eu gostava mesmo era de estar atrás das lentes. Registrei muita coisa entre festas, aniversários e trelas de bebês. Tinha por volta dos 10 anos de idade. Alguns anos depois ganhei uma Kodak Instamatic só pra mim e não parei mais. A opção pela graduação em Comunicação Social com habilitação em Rádio e TV se deu justamente pelo fato desse curso apresentar uma grade curricular muito rica em relação à fotografia e ao cinema. Meu projeto de conclusão de curso foi o ensaio fotográfico Anônimos, Famosos e Viajantes, em que fotografei um pouco do dia a dia de músicos que se apresentam nos ônibus do Recife. Em breve será lançado em e-book.

Eu gosto de deixar a cena me escolher. Admiro muito aqueles que montam uma cena, mas o que eu gosto mesmo é de registar a cena que escolheu chegar até o meu olhar. Por isso grande parte do que fotografo são cenas que acontecem na rua: manifestações culturais, cotidiano, arquitetura. Amigos jornalistas costumam dizer que minhas imagens têm uma preocupação estética constante, algo que não é prioridade no fotojornalismo. Já outros fotógrafos dizem que o lado documental é muito presente. Assim, acredito que minhas imagens estão no meio do caminho entre a fotografia artística e o fotojornalismo. Eu classificaria como fotografia livre.

A fotografia para mim é uma estratégia para não esquecer o que vemos, tanto nós que a fazemos, como aqueles que irão apreciá-la. E ver é mais do que olhar. Para ver é preciso sentir. Pode perceber que às vezes há um monte de coisas acontecendo ao nosso redor, mas nós só vemos aquelas que nos permitimos sentir. A fotografia é a perpetuação disso. Toda obra fotográfica que existe no mundo foi produzida por alguém que olhou, viu e sentiu. É por isso que é totalmente possível a fotografia feita por cegos. Eles costumam sentir muito mais intensamente do que nós que enxergamos.

A fotografia é uma porta sempre aberta para ver e sentir o mundo ao nosso redor. Costumo dizer que a melhor câmera sempre será o nosso coração. E não há nada mais gratificante do que dizer para o outro através da imagem que ele também pode sentir um momento. Essa é a importância da fotografia para mim, mostrar às pessoas aquilo que pode passar despercebido.