28/09/2015

ALTERIDADE: UMA NOÇÃO EM CONSTRUÇÃO (trechos do trabalho)

Noção de alteridade
(...) reconhecer-se no outro, mesmo que a princípio existam diferenças físicas, psíquicas e culturais.

“Trata-se do desafio de se respeitar as diferenças e de integrá-las em uma unidade que não as anule, mas que ative o potencial criativo e vital da conexão entre diferentes agentes e entre seus respectivos contextos” (FLEURI, 2003, p. 497)

(...) a intercultura propõe-se a trabalhar e a superar a atitude de “temor” perante o “outro” visando provocar uma leitura positiva da pluralidade cultural, social e étnica. Por conseguinte, preconiza-se uma leitura baseada no respeito à diferença, na paridade de direitos.

A alteridade na educação, a educação na alteridade

“Em nossa época líquido-moderna, o mundo em nossa volta está repartido em fragmentos mal-coordenados, enquanto as nossas existências individuais são fatiadas numa sucessão de episódios fragilmente conectados” (BAUMAN, 2005, p. 18-19)

Pode-se dizer, portanto, assim que nos tempos pós-modernos as identidades multiplicam-se, ao mesmo tempo em que se fragmentam. O homem pós-moderno ao adquirir novas facetas identitárias, adquire também, mais um aspecto de diferenciação perante o “outro”.

O Estado no mundo globalizado é uma entidade cada vez mais despersonalizada, no sentido, de mediar as relações sociais sejam estas morais, econômicas ou políticas. Isentando-se de suas obrigações originais, os indivíduos e os pressupostos humanizantes são levadas ao abandono, enclausurando-se em refúgios subterrâneos. Atrelada a essa realidade, tem-se que a postura da sociedade perante o sentido de cidadania e de ética, sendo estes, esvaziados de sua conotação de liberdade e engajamento.

Torna-se necessário, então, criar um novo paradigma para a compreensão dos valores éticos, principalmente, que possuam como corpo fundamental a alteridade. Os valores de dignidade humana precisam ser resgatadas para se construir a responsabilidade para com o outro sendo a educação intercultural um de seus caminhos decodificantes, apoiando-se no binômio ensino-sociedade.

(...) a escola passa a ter a função de mediar seus significados, através da compreensão da diferença, para alcançar o aprofundamento da alteridade.

A dificuldade que a escola manifesta na mediação da alteridade entre os estudantes

O corpo docente e os educandos vivenciam esse micro universo de relações plurais e discriminatórias sem, contudo, buscar o entendimento da alteridade em um âmbito maior, ou seja, o âmbito dos mecanismos que geram a dialética da exclusão/assimilação.

(...) visualizam-se nitidamente as dificuldades da escola em agregar a alteridade e seus fatores, para além das questões relativas a precariedade de alguns materiais didáticos e a formação de professores.

Como concretizar a alteridade na prática cotidiana das escolas?

De fato, nessa questão reside um dos problemas fundamentais para a inserção da alteridade não só no currículo, mas, na vida de alunos e professores. O desenvolvimento de novas atitudes na área pedagógica é fundamental para o aprofundamento da interculturalidade não apenas como conceito, mas, principalmente, como práxis.

(...) novas perspectivas de compreensão das diferenças, de olhar para o “outro” com suas distinções tanto aparentes como a etnia, quanto interiorizadas como a cultura, devem ser objeto de reflexão no campo pedagógico.

(...) ampliar a visão para o desconhecido compreendendo que esse “outro” não é só um indivíduo com o qual alguém se relaciona socialmente, mas também um outro que habita em nós, pois conforme Ciampa: “essa expressão do outro que também sou eu consiste na ‘alterização’ da minha identidade, na supressão de minha identidade pressuposta e no desenvolvimento de uma identidade posta como metamorfose constante” (CIAMPA, 1989, p.70)

MOLAR, Jonathan de Oliveira – UEPG

Curso - História Afro e Indígena Cearenses

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