27/05/2022

É com muita alegria que o Governo de Altaneira, por meio da Secretaria de Cultura, realizará o tradicional festival de quadrilhas juninas, que este ano chega à sua 20ª edição | ALTANEIRA-CE

Lucélia Muniz

Ubuntu Notícias, 27 de maio de 2022

@luceliamuniz_09 @ubuntunoticias @agenciaclick__  @prefeituradealtaneira

Com o tema “XX Festival junino de Altaneira: recordando a vida e obra do mestre Elison Laurentino”, o evento acontecerá nos dias 24, 25 e 26 de junho, no Ginásio Poliesportivo da cidade. Neste ano, a programação irá homenagear a notável e relevante figura do marcador junino Elison Laurentino, já falecido, que se dedicou por mais de 30 anos ao movimento quadrilheiro caririense.

Por isso, o Governo Municipal fará esta justa e valorosa homenagem em reconhecimento aos seus significativos ensinamentos transmitidos à Altaneira e aos quadrilheiros do Ceará.

Será produzido um espetáculo audiovisual e performático com alguns brincantes do Arraiá do Ribuliço, além de uma exposição com fotografias e objetos que pertenceram a Elison e contam um pouco da sua vida.

O mestre Elison fez sua páscoa no dia 27 de setembro de 2020 e ao céu subiu como um balão multicor

Ao Grande Mestre da Cultura Junina – Elison Laurentino

Escrito por Luciana França, Cadeira 17 da Academia de Letras do Brasil/Seccional Regional Araripe-CE

“É hora de pôr o joelho no chão, é hora de rezar pedindo a Deus, a Santo Antonio e a São João para que nos conceda um São João com muita humildade e determinação”. Elison Laurentino

Em 2020, a pandemia silenciava as festas juninas, bem no ano em que um minuto de silêncio não faria sentido; mas, sim, os aplausos. Aplausos ao grande mestre, mago das festas juninas de todos os tempos de Nova Olinda. E, porque não dizer, do Ceará.

Após uma temporada junina em silêncio, ele viajou para um plano divino, deixando o seu legado – cultura de qualidade, feita com uma simplicidade do tamanho do mundo.

“Só na marcação”, “o sorriso”, “alinhamento”, “Oh, meu Siri Ará chegando”... A sanfona harmônica em passos, braços, sorrisos e rodopios entrava em evolução, uma verdadeira ebulição.

Naquele momento, até as bandeirolas, labaredas, toda tipicidade junina parecia dançar, acompanhando aquele ritmo eloquente. Enquanto isso, os folguedos coloriam o céu estrelado e a sanfona conduzia a efervescência.

Era tudo tão orquestrado que dispensava as chamadas frequentes do puxador-quadrilheiro. Bastava um simples giro, sinal sonoro ou erguer de braços que a evolução mudava de passos.

A animação, o figurino impecável, o espetáculo eram garantidos, de encher os olhos dos telespectadores.

“Elison!” O seu nome se encontra na alegria e alegoria da Cultura Junina! O seu gibão e chapéu de couro o caracterizava nessa missão terrena. Uma característica simbólica do teu legado.

A cultura e os culturalistas te aplaude de pé, com o chapéu erguido te acena, de braços entrelaçados com seus pares está a dama repuxando um lado da saia farta de chita colorida. E, o cavalheiro de terno xadrez, lentamente abaixa seu chapéu, o coloca no peito, inclinando a cabeça em sinal de gratidão a ti.

A luz sempre existirá para ti: ontem, iluminado pela fogueira; hoje, pela luz divina.

Escreveu Luciana França

As informações que seguem fazem parte de um texto cedido pelo casal nova-olindense de quadrilheiros – Socorro Alencar e Leonardo Feitosa

HISTÓRIA DE UM QUADRILHEIRO, DE UM MESTRE GUERREIRO

Por Maria Sandra de Matos, professora nova-olindense graduada em Geografia

“Quando batem as seis horas
de joelhos sobre o chão
O sertanejo reza a sua oração”

Venho aqui falar da alegria e da coragem de um homem nordestino, Elison Laurentino do Carmo ou simplesmente Gordinho, Zom, Bergue entre outros inúmeros apelidos carinhosos, que seus amigos costumavam chamá-lo.  Quadrilheiro, esportista, defensor e divulgador da cultura nordestina. Filho de José Laurentino e Maria do Carmo Laurentino, nascido em 05 de fevereiro de 1967, natural de Nova Olinda-CE.

Falar de quadrilha, de festival, de animação é contar um pouco da história desse nova-olindense encantado pelos prazeres das festas juninas. Elison lembrava com alegria da sua primeira missão como “gritador” na quadrilha da conhecida escola “CNEC”, onde estudou por vários anos. Momento este, que lhe despertou um sentimento de amor e respeito pelas festividades juninas.

Esse nordestino apaixonado por quadrilha dedicou 32 dos seus 53 anos de vida aos movimentos juninos, onde consagrou-se como animador, com maior tempo de atuação no interior cearense, passando por vários grupos de várias cidades da região do Cariri. Podemos citar Arraiá da Encrenca, Arraiá da Confusão, Arraiá do Riachão, Arraiá do Pajeú, Fuá do Sertão, Danado de Bom, Rebuliço, Furdunço e tantas outras onde ele tinha orgulho de ser “gritador”.

No ano de 2009, esse quadrilheiro ganhou o Ceará Junino, festival mais importante para os grupos de quadrilhas do Ceará, e também vice-campeão estadual com a quadrilha Arraiá do Furdunço da cidade de Altaneira-CE.

Falar de Elison, é também falar de esporte, mais precisamente de futebol. Ele tem história para contar, não só como técnico, mas também goleiro. Como ele costumava dizer: “Eu fiz de tudo dentro da quadra”.

A história de Elison no futebol, começou na escola, ele usando “o conga”, como era chamado o sapato naquela época. O menino Zom se realizava jogando na quadra da escola. “Eu cresci dentro das quadras e dos campos da cidade”, dizia o mestre.

Com 15 anos de idade já jogava na seleção da cidade no meio dos veteranos. Elison tinha lembranças claras de um dia de jogo, onde iria iniciar o campeonato 14 de Abril e sua equipe estava prontinha para entrar em campo. E ele relatava:

“Lá em casa tinha um pé de manga. Antes da hora do treino eu fui subir no pé de manga, e a “gaia” caiu em cima do muro que era cheio de cacos de vidros. Resultado, fiquei sem jogar”, contava.

Elison tinha histórias para contar. O menino jogador viveu muitas emoções no futebol. Passou pelos Santos, Juventus, Recanto Clube e Ponte Preta, onde recordava as várias conquistas nos campeonatos municipais e regionais.

Como todo ser humano Elison também teve as suas tristezas. A maior delas foi ainda na sua juventude, quando perdeu a sua mãe. Porém o mesmo tinha seu velho pai “Zé Lorentino,” os dois tinham um relacionamento de amizade, de cumplicidade, de parceria. Grande parte de suas vidas os companheiros, pai e filho, Elison e Zé Laurentino residiram em uma casinha na Rua 14 de Abril, onde construíram amizades verdadeiras com seus vizinhos.

Em junho de 1999,  iniciou um romance com a jovem Cleomar, que passou a acompanhá-lo  o apoiando na sua enorme paixão de ser quadrilheiro. Esta tornou-se sua esposa, e como fruto desse amor, nasceu o seu maior presente, seu filho o José Venâncio. 

Em 2014, esse amante da vida notou umas manchas na pele, procurou um médico que diagnosticou sendo manchas genéticas. Insatisfeito com o diagnóstico, o quadrilheiro deu início a uma jornada de consultas, onde passou por nove especialistas, que sempre davam diagnósticos diferentes. 

Elison, mesmo com a sua saúde debilitada, não deixou de fazer o que mais gostava, estar à frente das quadrilhas juninas, encarando exaustivas jornadas de ensaios e apresentações que duravam seis meses. Mas era isso que o movia: o desejo ardente de fazer arte, de brincar com a dança, de propagar a nossa cultura.

“Ceará terra boa, Ceará terra da gente, Ceará terra da luz, Ceará terra quente”. Essa música o fazia lembrar da época de São João e arrancava sorrisos e lágrimas do nosso grande mestre.

Dizia o mestre Elison Laurentino:

“Ser quadrilheiro é tudo. Tudo que você vê em mim é ser quadrilheiro. É acreditar, é ter fé, é saber que vai dar certo, mesmo com dificuldade. É cansaço, é estresse. Mas também é muita alegria e satisfação quando você chega ao final e vê que o trabalho valeu a pena. Onde eu posso ser o primeiro, jamais eu quero ser o segundo”.

No ano de 2020, o seu problema de saúde se agravou e o nosso mestre precisou de um acompanhamento médico mais especifico para ter a sua saúde reestabelecida e voltar o quanto antes aos palcos juninos. E ele mesmo dizia: “vou ficar bom pra correr esse mundão inteiro”.

“Olha pro céu, meu amor
Vê como ele está lindo
Olha pra aquele balão multicor
Como no céu vai sumindo”

Sobre o “XX Festival junino de Altaneira: recordando a vida e obra do mestre Elison Laurentino”

A homenagem proporcionada pela gestão do Prefeito Dariomar Rodrigues através da Secretaria de Cultura na pessoa do Secretário Antonio Kaci vem de encontro ao reconhecimento dado a memória do Mestre Elison que se configurou como ícone da Cultura Viva.

A gestão, em seu tradicional festival da região, afirma o respeito pela nossa Cultura elevando o nome do Mestre Elison a partir das apresentações que remontam a sua história e uma vida dedicada ao universo junino.

Se Altaneira é tradição, a homenagem brilha feito balão subindo ao céu estrelado sob as bênçãos de São João!

4 comentários:

  1. Linda homenagem a este homem notável para a cultura da nossa região.

    ResponderExcluir
  2. Merecida homenagem,parabéns a todos..

    ResponderExcluir
  3. Parabéns pela Matéria onde trouxe na literalidade obra e vida desse grande mestre da cultura popular

    ResponderExcluir
  4. Merecida homenagem.Parabéns.

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário mais seu nome completo e localidade! Sua interação é muito importante!